As mais belas e doces jabuticabas De toda essa redondeza Vem da minha jabuticabeira
Que alegria, a cada estação Vê-la carregadinha de flor E transformando cada flor Em uma linda perolazinha
E a felicidade dela De ver, cada frutinho seu Virar cocada, geleia e licor E mais ainda: Sentir-me sob a sua sombra Recostado no seu tronco Em longas conversas Regadas a jabuticabadas
Eu, os lá de casa E os passarinhos daqui Notamos, no entanto Que a minha jabuticabeira Anda tristinha E que, desta vez Os seus frutinhos Não estão tão belos Nem tão doces, como sempre
Escuto o seu desabafo: “Sabe, quando você esteve de férias As chuvas também foram embora Eu fui esquecida Aqui, no fundo do quintal Em meio ao mato e ao lixo. Sem chuva, sem água e sozinha Ninguém, durante a sua ausência Trouxe-me um único copo d'água Dirigiu-me um único bom dia. Por isso, esses frutinhos Tão acanhadinhos Foram os melhores Que eu pude produzir... Mas lhe prometo: No próximo janeiro Vou lhe dar as mais belas E doces jabuticabas Que você jamais experimentou”
Eu, também, lhe prometo Querida jabuticabeira Que, enquanto existirmos Eu e você Nunca mais vou lhe deixar sem água
E se eu me ausentar Mesmo que seja por um dia Erga, o seu galhinho mais comprido O que tiver melhor ouvido Porque, de onde eu estiver Vou gritar, o mais alto que puder QUERIDA JABUTICABEIRA, BOM DIA!
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