O inverno se avizinha
E devo dizer-lhe não
Minha amada sente frio
Preciso mantê-la aquecida
Até a próxima estação
Plantei minha última árvore
Uma acácia-amarela
Ela precisa de mim
E enquanto não brotar
Preciso estar junto dela
Ainda não é possível Comecei, hoje, a escrever Mais um livro de poemas Que bem pode ser o último E não posso interromper
Agora, sim, estou disponível A minha agenda zerou
Cumpri todos os trabalhos Estou, finalmente, livre Mas o meu tempo acabou
Quem diz isso, com sinais
Inteligíveis, é a própria vida
E quando ela diz “acabou”
Vai abandonando teu corpo
E tudo se extingue, em seguida
Não estou triste, nem surpreso Sempre há, um fim nos trilhos À vida, só gratidão À morte, minhas boas-vindas
Continuo nos meus filhos É preciso fechar o ciclo Já nada mais eu cobiço Só o coração tranquilo E cumprir com altivez O meu último compromisso
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