Do topo do edifício A moça mergulhou pra morte
Tudo muito rápido Quando o primeiro transeunte percebeu o fato O fato estava consumado: Um corpo, abruptamente, jazia Sobre o asfalto em brasas
Gritos, desmaios, desespero Trânsito enlouquecido Silvos ensurdecedores
O mesmo círculo de desocupados Que se forma ao redor de todos os corpos Forma-se, imediatamente, ao redor do corpo da moça
Alguém chama a polícia, que chama os parentes Ninguém chama o repórter do jornal popular Que chega primeiro
Tudo há de prosseguir, muito rapidamente Sem burocracias: Uma rápida e despretensiosa investigação Da vida pregressa do corpo A procura vã a um bilhete inexistente Alguns depoimentos tolos E dá-se o caso por encerrado O próximo!
E assim, as moças vão mergulhando Uma a uma Dos topos dos edifícios Para a morte rápida, infalível, sem burocracias...
A polícia, os parentes, os transeuntes O repórter do jornal popular E até os desocupados Especulam sobre o que teria levado a moça Ao mergulho fatídico
Não conseguem, no entanto, enxergar O que se visibiliza a cada mergulho: A vida, conduzindo as moças, até o alto De onde, com suas mãos enluvadas Suavemente as empurra Par a morte rápida, infalível, sem burocracias…
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