top of page
faixa 3_Easy-Resize.com.jpg

O MERGULHO

Do topo do edifício A moça mergulhou pra morte

Tudo muito rápido Quando o primeiro transeunte percebeu o fato O fato estava consumado: Um corpo, abruptamente, jazia Sobre o asfalto em brasas

Gritos, desmaios, desespero Trânsito enlouquecido Silvos ensurdecedores

O mesmo círculo de desocupados Que se forma ao redor de todos os corpos Forma-se, imediatamente, ao redor do corpo da moça

Alguém chama a polícia, que chama os parentes Ninguém chama o repórter do jornal popular Que chega primeiro

Tudo há de prosseguir, muito rapidamente Sem burocracias: Uma rápida e despretensiosa investigação Da vida pregressa do corpo A procura vã a um bilhete inexistente Alguns depoimentos tolos E dá-se o caso por encerrado O próximo!

E assim, as moças vão mergulhando Uma a uma Dos topos dos edifícios Para a morte rápida, infalível, sem burocracias...

A polícia, os parentes, os transeuntes O repórter do jornal popular E até os desocupados Especulam sobre o que teria levado a moça Ao mergulho fatídico

Não conseguem, no entanto, enxergar O que se visibiliza a cada mergulho: A vida, conduzindo as moças, até o alto De onde, com suas mãos enluvadas Suavemente as empurra Par a morte rápida, infalível, sem burocracias…

............................................................................... Gostou do Poema? Curta e Compartilhe!

Verismar © 2022 - Todos os Direitos Reservados



me siga
  • Instagram
  • Youtube
  • Pinterest
  • Twitter
  • Facebook
  • LinkedIn
wp.gif
bottom of page