Você, Que ainda sonha, com uma sociedade alternativa
E conhece bem a fonte, de onde jorra a água viva Que regam céus e infernos, de norte a sul… Toca Raul!
Você, Que já andou pelos quatro cantos do mundo E todos, inclusive o Pedro, o considera vagabundo
Não sabe se é um sábio chinês ou uma borboleta azul... Toca Raul!
Você, Que por falta de colírio, usa óculos escuros Que, quando sobra algum, come pão e osso duro E, para não incomodar, come mal passado ou cru… Toca Raul!
Você,
Que está, sempre tentando, mudar a direção do trem
E que adora zumbizar, na sopa dessa gente bem
Mas que, no fundo, não passa, de um cachorro urubu… Toca Raul!
Você,
Que pensa, que eu sou apenas seu escravo Seja o MDC da minha vida, me faz um desagravo Troca de estação, muda o gosto e o menu… Toca Raul!
Você, Que não sabe onde está indo, más tá no seu caminho E que, no dia em que a terra parou, sentiu-se tão sozinho Que não escuta jazz americano ou blue… Toca Raul! Você, Que sonha com uma grande metamorfose Que cantou iê-iê-iê, antes da última overdose Bota na vitrola, aquele LP antigo, do fundo do baú… Toca Raul!
Você, Que foi cowboy, fora da lei e andou na contramão Que crê em todos os malucos, até no pastor João E não conhece ninguém mais louco do que tu…
Toca Raul!
Você, Que calça 37, mas só consegue sapato 36 Que nunca desiste, e está sempre, tentando outra vez Que já teve tudo e hoje anda descalço e quase nu… Toca Raul!
Você, Raul,
Que embarcou tão cedo, em seu próprio trem das sete
Vai aqui minha homenagem, de “parceiro” e de tiete
Saudoso de você e, até hoje, jururu…
Toca aqui, Raul!
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